A higiene é fator imprescindível para manutenção da saúde e bem-estar
dos indivíduos.
No setor de restauração, ela
precisa estar presente em todos os ambientes,
pois a produção de alimentos requer cuidados especiais – se o alimento é
fonte de vida, quando manipulado de maneira incorreta ou quando escolhido sem
os devidos cuidados, pode se tornar
perigoso e levar à morte – isto acontece quando os alimentos estão contaminados.
O alimento pode ser contaminado por:
§
Micro-organismos (bactérias, vírus, fungos);
§
Produtos químicos: pela contaminação de
utensílios (queima errônea de cerâmicas, liberando o chumbo da pintura),
presença de agrotóxicos, produtos tóxicos ao homem, usados para combater
vetores, produtos de limpeza em porcentagem inadequada, etc.)
§
Produtos naturais (através de alimentos com
elementos tóxicos - cogumelos, mandioca
brava - que são semelhantes aos que não
causam nenhum mal)
MICROORGANISMO: são a menor forma
de vida que existe no nosso Planeta. Eles são tão pequenos que – ao contrário
de plantas e animais – só podem ser vistos com o auxílio de um instrumento
As intoxicações por produtos
químicos e naturais podem ocorrer mesmo com uma manipulação correta dos
alimentos (cogumelo não-comestível, agrotóxicos, etc.); por isso, é importante
que se conheça a origem/procedência dos produtos.
Prevenir é o melhor caminho
quando se trata de contaminação alimentar: perguntar-se constantemente onde
poderá ocorrer alguma contaminação deve ser a preocupação do bom profissional.
Treinamento e educação higiênica adequados precisam ser proporcionados aos
trabalhadores das áreas de preparação alimentar.
A OMS – Organização Mundial de
Saúde - , listou algumas recomendações simples, capazes de minimizar as
contaminações alimentares, que ficaram conhecidas como as “10 regras de ouro”:
- Escolher alimentos tratados de forma higiênica;
- Cozinhar bem os alimentos;
- Consumir imediatamente os alimentos cozidos;
- Armazenar cuidadosamente os alimentos cozidos;
- Re-aquecer bem os alimentos cozidos;
- Evitar o contato entre os alimentos crus e cozidos;
- Lavar as mãos constantemente;
- Manter escrupulosamente limpas todas as superfícies da cozinha;
- Manter os alimentos fora do alcance de insetos, roedores e outros animais;
10.
Utilizar água pura.
Os manipuladores de alimentos
precisam ter conhecimentos sobre higiene, técnicas, temperaturas e tempos
relacionados à transformação de matérias-primas em alimentos comestíveis.
Todos estes conhecimentos são
necessários; porém, a higiene precisa ser enfatizada, porque ela é a grande
responsável pelas toxinfecções alimentares. Algumas Regras de Boas Práticas
relativas à higiene pessoal, aos alimentos e ao ambiente estão expostas abaixo:
MANUAL DE BOAS
PRÁTICAS
Higiene Pessoal
O ser humano é uma das principais causas da contaminação alimentar e a
higiene pessoal é, portanto, um fator de extrema importância.
Alguns cuidados são
imprescindíveis e o funcionário deve ser treinado e orientado para procurar um
médico e ficar em casa caso tenha problemas de diarréia, febre, vômito,
icterícia, tosse e espirros excessivos.
MÃOS:
- Manter unhas curtas, limpas e sem pintura;
- Proibido o uso de jóias: podem ser locais disseminadores de bactérias e podem deixar cair componentes nos alimentos;
- Lavar as mãos com água e sabão sempre que:
- Começar o trabalho;
- Manipular alimentos crus e cozidos;
- Tocar em alimentos estragados;
- Comer, fumar (deve-se evitar contratar manipuladores de alimentos que fumam) e/ou assoar o nariz;
- Usar o banheiro.
§
Não coçar a cabeça, introduzir dedos no nariz,
nas orelhas e na boca;
§
Não manipular alimentos com ferimentos, cortes,
feridas nas mãos. São focos de multiplicação de bactérias. Não se
aconselha a manipulação de alimentos nem
com curativos bem vedados; neste caso, a pessoa deverá ser deslocada para outra
atividade que não seja a manipulação de alimentos.
CABELOS:
- Os homens devem manter os cabelos bem-aparados;
- As mãos devem ser lavadas sempre depois de se pentear os cabelos;
- Após colocar o uniforme de trabalho, não pentear os cabelos, para evitar que caiam sobre a roupa e daí sobre a comida, contaminando-a;
- Usar constantemente proteção adequada na cabeça (touca, charlotte).
- Evitar barbas, bigodes e costeletas.
UNIFORMES
- Usar uniformes profissionais, que são roupas de proteção, com a finalidade de proteger os alimentos contra possíveis contaminações vindas do exterior; assim, não é aconselhável entrar no ambiente da cozinha com a mesma roupa usada externamente, pois ela pode ser vetora de bactérias que, se passadas para os alimentos, prejudicam a saúde das pessoas;
- Trocar diariamente o uniforme; conserva-lo em bom estado de uso. O uso do avental de plástico para proteger o uniforme é aconselhável em determinadas circunstâncias, tais como manipulação de peças de carnes, lavagem de panelas, etc.
- Não carregar junto ao uniforme, objetos que possam cair nos alimentos;
- Guardar roupas e pertences pessoais em locais apropriados, fora da área de manipulação de alimentos.
DIVERSOS:
- Todos os empregados devem realizar periodicamente exames médicos pertinentes;
- Afastar-se dos alimentos e cobrir a boca e nariz com lenço de papel, antes de tossir ou espirrar; depois, lavar as mãos.
- Não mascar chicletes ou similares durante a manipulação de alimentos.
Além dos manipuladores de alimentos,
o próprio alimento e o ambiente dentro do qual são produzidos, são também
vetores de contaminações alimentares.
Buscando a qualidade no
atendimento ao cliente, faz-se necessário adotar um método para, através dele,
evitar que as contaminações alimentares ocorram. Mesmo que uma anomalia
aconteça, a busca pela “Zero Contaminação” deve ser uma meta diária e a
utilização de um método ajuda nesta procura.
Listamos a seguir alguns métodos
utilizados:
MÉTODO APPCC – Análise dos
Perigos dos Pontos Críticos de Controle
É o mais recente conceito de
Controle Higiênico-Sanitário em alimentação, já adotado pelo Ministério da
Saúde, Portaria no. 1.428, de
26/11/1993, para, através dele, “avaliar a eficácia e efetividade dos
processos, meios e instalações , assim como dos controles utilizados na
produção, armazenamento, transporte, distribuição, comercialização e consumo de
alimentos de forma a proteger a saúde do consumidor”.
Para melhor utilização desta
metodologia, é necessário o conhecimento de alguns de seus conceitos:
q
Perigo: é a contaminação inaceitável de
natureza biológica, química e física; é necessário estudar a fonte destes
perigos, a fim de se avaliar a gravidade e os riscos.
q
Análise dos perigos: podem estar
presentes nas matérias-primas (carnes e
aves cruas, peixes e frutos do mar, ovos, leite, hortaliças, arroz, feijão e
grãos); no ambiente (superfície de contato com alimentos, água, ar e solo); no
homem (mãos, pele, genitais e intestino); nos animais (roedores, animais
domésticos).
q
Risco: probabilidade estimada da
ocorrência de um perigo ou da ocorrência seqüencial de vários perigos. Os
riscos têm vários graus de intensidade: alto, moderado, baixo e desprezível. A
ocorrência de um destes tipos de risco está diretamente relacionada às
condições operacionais da cozinha e ao tipo de alimentos que estão sendo
preparados.
q
Gravidade: ou severidade, é a magnitude
do perigo ou o grau de intensidade das conseqüências resultantes do perigo
existente. O estrago pode ser: doenças letais, doenças graves ou crônicas,
doenças moderadas, deterioração e antiestética.
q
Ponto Crítico: são todos os locais ou
situações onde os perigos podem ocorrer, por oferecerem condições de
contaminação, de sobrevivência ou reprodução de microorganismos, como por
exemplo, manipuladores infectados, falta de higiene dos equipamentos e
utensílios , tempo de temperatura inadequada, etc.
q
Ponto Crítico de Controle: ou PCC, é um
processo ou procedimento que tem por objetivo eliminar , prevenir e/ou
minimizar o perigo de contaminação.
q
Critérios: são os limites especificados
para as características de origem Física (tempo, temperatura), Química (teor de
sal, acidez), Biológica (microbiológica ou sensorial), que servem para indicar
se uma operação está sob controle num PCC.
q
Monitoramento: é a verificação da
validade dos critérios adotados para cada PCC.
q
Ação Corretiva: são as ações imediatas e
específicas apropriadas para sanar as anomalias encontradas através do
monitoramento.
q
Verificação: envolve o uso de testes
suplementares e/ou revisão dos registros do monitoramento, com o objetivo de
determinar se o sistema APPCC está funcionando adequadamente e assegurar que o
monitoramento está sendo executado adequadamente.
Para implantar este método, é
importante abordar alguns aspectos relacionados com a qualidade dos alimentos e
suas características.
Decomposição dos alimentos –
ocorre com alteração de aparência, cheiro, sabor e consistência. Esta
decomposição pode ocorrer por:
- Armazenagem inadequada ao tipo de alimento;
- Manuseio errado e mudanças de temperatura por várias vezes durante o dia – saída da refrigeração, permanência em meio ambiente, retorno à refrigeração;
- Excesso de maturação;
- Excesso de atividade de microorganismos no alimento;
- Umidade excessiva no ambiente de armazenagem;
- Presença de outros alimentos em decomposição no mesmo local.
Esta decomposição pode apresentar
diversos aspectos, tais como:
- Amolecimento;
- Endurecimento;
- Gotejamento;
- Descoloração;
- Enrugamento;
- Borborejo;
- Mofo;
- Perda de frescor e viço;
- Murcho e viscoso;
- Com sabor e cheiro estranhos.
Quando o alimento apresenta
qualquer um destes sinais ele não tem mais condições de ser consumido – por
serem facilmente detectados através da visão e olfato, fica fácil descartar o
alimento. Porém, os ALIMENTOS CONTAMINADOS, não apresentam nenhum sinal que
indica que eles estão em condições perigosas ao consumo; por isso, toda atenção
deve ser dada aos mesmos.
Bactérias – são
microorganismos vivos, unicelulares que se nutrem, se multiplicam e liberam, em
alguns casos, substâncias tóxicas, provenientes de seus metabolismos.
São visíveis apenas com auxílio
de microscópio; algumas são benéficas ao homem – bacilo lático, para
fermentação do chucrute, leite em queijo, etc; outras, porém, são prejudiciais,
produzindo alterações indesejáveis nos alimentos, tais como a aceto bacter,
que altera o vinho, transformando-o em vinagre e a mucor risopus, que
mofa os alimentos.
Existem, ainda, as PATOGÊNICAS,
indesejáveis, que atuam no alimento sem deixar vestígios, tornando-o
perigoso ao consumo, pois podem levar a graves conseqüências ao produzir no
indivíduo ou na coletividade que o ingeriu, intoxicações ou infecções
alimentares.
Estas bactérias possuem
características importantes sob o aspecto de comportamento, que precisam ser
conhecidas por quem trabalha com alimentos.
Elas podem ser:
- Termófilas – resistentes a altas temperaturas, podendo mais tarde, quando em condições ideais, decompor alimentos que foram submetidos a temperaturas altas, tais como: enlatados, embutidos, defumados, etc;
- Psicrófilas – resistentes a baixas temperaturas, ficando latente nos congelados que, ao sofrerem descongelamento e não forem utilizados e submetidos ao calor, permitem uma intensa proliferação desses microorganismos.
As bactérias para se reproduzirem necessitam de calor, alimento e
umidade – elementos encontrados em todas as cozinhas. Sua reprodução é muito simples, pois
ocorre por divisão celular: 1= a 2; 2= a 4; 4= a 8, e assim rápida e
sucessivamente, numa progressão geométrica infinita, reproduzindo milhões de
bactérias invisíveis aos nossos olhos, olfato e paladar, tornando o alimento
potencialmente perigoso.
Alimentos potencialmente
perigosos
Aqueles que são compostos total
ou parcialmente por leite, ovos, carne, aves, pescados; os que também podem
servir de base para o desenvolvimento de bactérias patogênicas, e os alimentos
muito manuseados ou mantidos em temperaturas ideais ao crescimento microbiano.
Na maioria das vezes, esta contaminação dos alimentos ocorre por
desconhecimento e, principalmente, por não estarem sendo usados os preceitos
básicos de higiene e bons costumes nos locais onde o alimento é matéria-prima.
As bactérias estão disseminadas na natureza, encontrando-se no pó, no aparelho
respiratório e gastrintestinal do homem e de animais de consumo (sem sintomatologia
de moléstia), em lesões cutâneas e ferimentos (cortes) ou mesmo sobre a pele
íntegra.
Fatos que podem levar à contaminação de alimentos:
·
Condições higiênicas indesejáveis: no local, no
preparo e pelas pessoas, juntas ou isoladamente;
·
Alimento processado em temperaturas inadequadas
ou já adquirido contaminado;
·
Alimento preparado e mantido em condições
favoráveis à contaminação:
-
Molhos à base de ovos no “buffet”
-
Molhos em banho-maria em temperatura inferior a 650C
-
Travessas sendo completadas para a reposição
-
Alimento exposto no buffet, tendo sua “sobra”
guardada na geladeira para posterior aproveitamento, tendo ainda ficado sobre a
bancada na cozinha, até ser levado para a câmara fria;
§
Caldos, bases para molhos, molhos já preparados e
deixados a esfriar em temperatura ambiente, na própria panela, sobre o fogão,
sendo colocados após algumas horas, na câmara fria, em nível do piso;
§
Reaquecimento várias vezes, voltando as sobras à
panela-mãe;
§
Alimentos descongelados em temperatura ambiente, e
as sobras recongeladas sem terem sofrido cocção, etc.
TERMÔMETROS E REGISTROS DE
TEMPERATURA
São três os procedimentos mais importantes:
·
Tomar a temperatura do alimento
·
Manutenção de temperaturas adequadas para o
alimento
·
Registrar as temperaturas do alimento
Tipos de Termômetros
Par Térmico: mede a temperatura
eletricamente, através do sensor na ponta. Mostra a temperatura num painel digital.
Termômetro de Haste Bimetálico: é o mais comum. Mede a temperatura através de
uma haste de metal.
Atenção: nunca deixe um
termômetro de haste bimetálico em
alimentos que estejam sendo cozidos.
Termômetro Digital: mede a
temperatura através de uma ponta de metal, mostrando-a num painel de leitura.
Outros tipos de termômetros: Indicador de Tempo e Temperatura (ITT) e termômetros
de doces, de carnes e de frituras.
Nunca use termômetros de mercúrio ou de vidro nas áreas de preparação de
alimentos, pois eles podem quebrar e contaminar os alimentos, além de
ferimentos em funcionários.
CUIDADOS: Os termômetros devem ser aferidos regularmente,
de acordo com os manuais que os acompanham.
Lave, enxágüe, sanitize e seque a ar ou com toalhas de papel as hastes
dos termômetros antes e depois de cada uso.
USO: os termômetros devem ser usados de acordo com os seus manuais; porém,
de maneira geral, espere que o ponteiro ou a leitura pare. Espere mais 15
segundos e registre a leitura. Não deixe que a ponta sensora do termômetro
toque os lados ou o fundo do recipiente (o recipiente pode estar mais quente ou
mais frio, alterando a leitura da temperatura).
MÉTODOS DE MEDIR A TEMPERATURA:
·
Insira a ponta sensora no centro e/ou na parte mais
espessa do alimento.
·
Verifique a temperatura em pelo menos dois pontos diferentes,
principalmente se for itens grandes, tais como assados ou porções de ensopados.
·
Abra uma das embalagens individuais, tais como
pequenas caixas de leite e insira o termômetro. Quando terminar a medição, use
imediatamente a embalagem aberta , ou jogue-a fora.
·
Insira a área sensora entre duas embalagens de
alimentos congelados, ou caixas hermeticamente fechadas.
·
Alimentos preparados em microondas: deixe-os
descansar 2 minutos antes de medir a temperatura (este descanso serve para
equilibrar a temperatura).
REGISTROS DE TEMPERATURA
Preencha com cuidado o registro que seu restaurante utiliza para manter
a segurança do alimento:
1. Registre a
hora da tomada de temperatura
2. Registre a
temperatura do alimento
3. Anote se
ocorrer algo fora do comum, como por exemplo, se o alimento na conservação a
quente cair para menos de 600C. Informe ao responsável
imediatamente.
Exemplo de Ficha de Controle de tempo-temperatura
Controle de
Temperatura
|
|
Responsável:
______________ Data:________
Produto:
________________________________
|
|
Hora
|
Temperatura
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Temperaturas comuns para os equipamentos:
Equipamento
|
Temperatura
|
Temperatura do ar no ar no refrigerador
|
00C a 50C
|
Temperatura do ar no congelador
|
-240C a -180C
|
Equipamento de conservação quente
|
600C ou acima
|
Máquinas de lavar louça
|
840C
|
Sanitização química
|
490C a 600C
|
Se o alimento é fonte de vida, quando manipulado de maneira incorreta ou quando é mal escolhido pode, também, se tornar perigoso. Para que a qualidade seja
mantida, certos cuidados precisam ser tomados e, dentro do método APPCC, é
necessário que estes cuidados indiquem as situações e os locais onde os perigos
veiculados pelos alimentos ficam mais presentes. Estes locais são chamados de Pontos
Críticos de Controle e devem ser determinados para que a fiscalização e
monitoramento sejam realmente eficazes, através da avaliação e medição com
instrumentos de todos os critérios estabelecidos, visando à prevenção dos
perigos.
Os principais perigos de contaminação são:
·
Matéria-prima: carnes e aves cruas; pescados
crus; ovos; leite; hortaliças e frutas; ervas aromáticas e condimentos; arroz,
feijão e grãos.
·
Ambiente: superfícies, equipamentos e utensílios; água; solo
(terra).
·
Manipulador (homem): mãos e pele;
orofaringe; aparelho respiratório; intestino; genitais.
·
Animais: vetores (roedores e insetos); animais domésticos.
A gravidade desses perigos está diretamente relacionada com a quantidade
de microorganismos (infectantes ou tóxicos), da dose tóxica da toxina e da
susceptibilidade das pessoas atingidas.
·
Alto risco: envolvem procedimentos
inadequados relacionados com fornecedor, validade, escolha, manipulação,
cocção, tempo de permanência em banho-maria, resfriamento, acondicionamento,
armazenagem, reaquecimento, permanência em meio ambiente por horas, mistura de
alimento cozido e cru na mesma superfície, ambiente sem higienização adequada,
estabelecimento com história de surto de intoxicação alimentar, funcionários de
risco (saúde e/ou hábitos), etc.
·
Baixo risco: ambiente limpo, uso de alimentos
reconhecidamente inofensivos; bons hábitos de trabalho; procedimentos
operacionais padrão dentro das técnicas que eliminam, previnem, minimizam ou
retardam a contaminação; alimentos processados a quente sob calor seco (existe
perda maior de água, o que diminui o risco de contaminação em ambiente mais úmido).
Existem alimentos que devem ser manipulados com um cuidado extra, tais
como:
Leite e laticínios
Ovos in natura
Carne bovina
Aves
Carnes suína e caprina
Peixes
Mariscos e crustáceos
Bolo de carne moída: hambúrgueres, almôndegas, etc.
Saladas tipo maionese de legumes, carnes, ovos e salpicões
Tofu e outros alimentos de proteína de soja
Arroz cozido
Cozidos do tipo feijoada, batatas, feijão e outros de origem vegetal.
Pontos Críticos de Controle
São aqueles sobre os quais é possível realizar medidas de controle para
eliminar, prevenir, amenizar ou retardar a contaminação por microorganismos.
Dentre os pontos críticos de controle destacamos:
·
Refrigeradores, câmaras frias, freezers, que
apresentam temperaturas inadequadas ou seus controles não são confiáveis;
·
Equipamentos que apresentam defeito em seus
termostatos, indicando uma temperatura que na realidade não é atingida;
·
Tempo e temperatura – utilizados para manipulação,
cocção, resfriamento, refrigeração, armazenagem, congelamento, apresentação
“buffet”, distribuição;
·
Alimentos com baixa atividade aquosa ou que sofrem
cocção sob calor seco, diminuindo o seu % de água e com isso o crescimento
bacteriano (leite em pó, leite condensado, biscoitos, frutas secas, etc.)
Para cada ponto a ser controlado, é necessário que sejam estabelecidos critérios
(Regras de Procedimentos) para assegurar as condições higiênico-sanitárias
desejadas. Os que podem ser mensurados através de indicadores numéricos
(temperatura e tempo), tornam-se mais fáceis de monitorar:
Principais Pontos Críticos de Controle no complexo cozinha
Estrutura da cozinha; controle de fornecedores (matéria-prima); controle
de alimentos prontos; recebimento; armazenagem e estoque; o pré-preparado ao
preparado final; cocção; resfriamento; refrigeração; reaquecimento;
distribuição; higiene dos alimentos; higiene das mãos; higiene ambiental
(equipamentos e utensílios).
Requisitos fundamentais para implementação do método APPCC em cozinhas e
garantir os critérios de segurança no controle higiênico e sanitário dos
alimentos ( SILVA, Jr. Eneo Alves. Manual de controle higiênico-sanitário em
alimentos):
ÁREAS ESPECÍFICAS E SEPARADAS PARA:
§
Recepção de mercadorias, para retirada das
embalagens grosseiras (caixa de papelão e madeira), com pia ou tanque para a
higienizaçao dos produtos e dos monoblocos que serão armazenados;
§
Pré-preparo
e preparo final das carnes:
bovina, suína, aves e pescados;
§
Confeitaria
e preparo das sobremesas;
§
Higienização
(lavagem e desinfecção) de hortaliças, vegetais e frutas;
§
Retorno do
material do salão (louças, talheres, copos, etc.) para higienização e
desinfecção, bem como dos equipamentos, das peças e dos utensílios de
preparação.
LAVATÓRIOS PRÓXIMOS AOS LOCAIS DE
MANIPULAÇÃO
As pias para a higiene das mãos devem ser próximas aos ou nos locais de
manipulação, contendo um sabonete com detergente líquido e um anti-séptico
(álcool 70%), ou apenas sabão líquido com anti-séptico, papel não-reciclado
para enxugar as mãos ou ar quente para secagem das mesmas; as torneiras devem
ser acionadas com o pé ou por célula fotoelétrica. Nunca colocar saboneteiras
nas bancadas de manipulação.
CADEIA FRIA
Congelador ou freezer; refrigerador ou câmara para as carnes;
refrigerador ou câmara para os laticínios; refrigerador ou câmara para os
hortifrutigranjeiros. Na falta de condições adequadas de refrigeração, os
refrigeradores que tiverem misturas de gêneros deverão estar regulados para
atender as exigências de temperaturas mais baixas. O espaço interno desses
equipamentos deve ser compatível com o volume de alimentos a serem
refrigerados, de modo a satisfazer os critérios de tempo/temperatura
estipulados pelo controle de segurança.
CADEIA QUENTE
Fogão funcionando adequadamente e forno com
termostato que permita regular corretamente a temperatura de cocção; água do
banho-maria , balcão de espera, “buffet” quente, carrinho térmico, estufa,
etc., regulados para manter os alimentos na temperatura de segurança adequada,
durante o serviço ou a distribuição.
MÁQUINA DE LAVAR UTENSÍLIOS
Funcionando adequadamente; no caso de lavagem
manual, utilizar detergente adequado para lavagem e desinfecção.
UTENSÍLIOS DE MESA
Todo material da “mise en place” deve ser de 1 a 5
vezes a lotação do restaurante.
MATERIAIS PARA HIGIENE:
Ambiente: utilizar
detergente adequado para a lavagem e cloro específico para a desinfecção;
Mãos: detergente
líquido neutro biodegradável para lavagem e anti-séptico (álcool 70%)
Alimentos: hortaliças,
frutas e legumes devem ser higienizados com água corrente (lavagem folha a
folha), cloro específico para desinfecção e água corrente ou vinagre a
2% para enxágüe final.
Recebimento e
Armazenamento de alimentos
Alimento
|
Aceitar
|
Rejeitar
|
Carnes (boi, porco e carneiro)
Boi
|
Para todos os tipos de carnes:
Temperatura: de 500C ou menor.
Cor da carne bovina fresca ou congelada: vermelho cereja vivo.
Cor da carne bovina maturada: marrom escuro ou castanho.
|
Para todos os tipos de carnes:
Cor: castanho ou esverdeado;
manchas castanhas, verdes ou roxas; pontos brancos ou verdes.
Atenção:
carnes maturadas podem apresentar cor marrom-escuro ou castanho.
|
Carneiro
|
Cor da carne de carneiro fresca ou congelada: vermelho suave.
Cor da carne de carneiro maturada:marrom bem escuro ou castanho.
|
Textura viscosa, pegajosa ou seca.
Embalagem: caixas quebradas, invólucros sujos ou embalagem rasgada.
|
Porco
|
Cor da carne de porco fresca ou congelada: carne gorda, branca; carne
magra: rósea.
Textura: firme e volta para trás quando pressionada
|
Textura viscosa, pegajosa ou seca.
Embalagem: caixas quebradas, invólucros sujos ou embalagem rasgada.
|
Alimento
|
Aceitar
|
Rejeitar
|
Aves frescas
|
Temperatura: 500C ou menor.
Cor: sem descolorações.
Textura: firme e volta para trás quando pressionada.
Deve estar cercada por gelo moído ou auto-drenado.
|
Cor arroxeada ou esverdeada; descoloração no pescoço, postas das asas
escuras.
Odor: anormal.
Textura: pegajosa sob as asas e à volta dos quartos ou juntas; pele
macia e flácida.
|
Mariscos
frescos (moluscos e ostras, por exemplo)
|
Temperatura: a 700C ou menor para mariscos vivos; -170C
para produtos congelados.
Embarcados vivos: sem cheiro forte.
Concha do marisco fechada.
Transportado vivo: identificado por rotulagem, que deve ser guardado
por 90 dias.
|
Conchas parcialmente abertas que não podem ser fechadas indicam que os
moluscos e as ostras estão mortos.
Cheiro forte.
|
Crustáceos
frescos (lagostas e camarões)
|
Temperatura: a 700C ou menor para lagostas vivas.
-170C para produtos congelados
Embarcados vivos: sem cheiro forte; concha da lagosta dura e pesada.
|
Concha macia.
Odor forte.
|
Atenção: armazene
todas as carnes, aves, peixes e frutos do
mar e crustáceos imediatamente no refrigerador. A conservação destes
alimentos em baixas temperaturas aumentará seu tempo de utilização.
Leites e
laticínios
Temperatura: a 500C ou abaixo; nunca os aceite sem verificar
a temperatura com o termômetro.
Pasteurizados e entregues com pouco prazo de validade: conserve-os refrigerados.
Queijo: casca limpa e intacta (pelo externa) e sabor e textura típicos.
Manteiga: odor típico (que não seja ruim) e ausência de
sinais de mofo ou sujeira.
Ovos e
produtos pasteurizados com ovos
Ovos (em casca): entregue preferencialmente refrigerado a 700C.
No recebimento para uso imediato de pequenas quantidades, pode-se receber à
temperatura ambiente (até 260C).
As cascas devem estar limas e intactas – sem rachaduras, fendas ou
sujeira.
Tipo Extra ou Especial (ou de primeira qualidade), segundo a qualidade,
e com carimbo do Serviço de Inspeção Federal – SIF – ou das Secretarias
Estaduais de Agricultura nas embalagens de cartão.
Armazenados em caixas originais e refrigerados à temperatura de 500C
ou abaixo. Guarde distância de alimentos com odores fortes, tais como cebola.
Ovos
Congelados
Temperatura: a -170C ou abaixo.
Entregues antes do prazo de
validade.
Armazenados a -170C ou abaixo.
Descongelados no refrigerador.
Ovos líquidos
Temperatura a 500C ou abaixo.
Entregues antes do prazo de validade.
Armazenados imediatamente sob refrigeração.
Ovos em pó
Embalagem intacta.
Entregues antes do prazo de validade.
Armazenados refrigerados ou em local fresco, seco e distante da luz.
Depois de colocado o líquido, devem ser conservados no refrigerador.
Retire apenas a quantidade a ser usada no momento.
Alimentos
Congelados
Temperatura: a -170C
ou abaixo – exceto sorvete: de -140C a -120C.
Rejeite: se houver
líquido congelado nas caixas; grandes cristais de gelo no produto; caixas ou
produtos deformados ou destorcidos.
Estes são sinais de que os produtos foram recongelados.
Frutas e
legumes
Entregues sem sinais de deterioração, mofo ou insetos.
Evite apertá-los, espremê-los ou manipulá-los sem necessidade.
Enlatados
Rejeite latas danificadas. Observe se existem os seguintes sinais:
·
parte de cima ou de baixo abaulada;
·
vedação ou costura imperfeita, ou apresentando
amassados;
·
vazamento;
·
ferrugem;
·
falta de rótulo, etiqueta ou leitura impraticável.
Atenção: nunca prove o conteúdo de latas danificadas, pois o risco de
doença grave é muito alto. Da mesma forma, nunca aceite a degustação de frutas
ou legumes em conserva de fabricação caseira.
Alimentos
secos
Entregues em caixas limpas, secas e intactas.
Verifique a presença de insetos na farinha ou no cereal, espalhando o alimento em uma folha
de papel pardo (cor contrastante). Rejeite o recebimento se encontrar insetos.
Contaminação
Cruzada
Relembrando os conceitos acima apresentados, a contaminação pode ocorrer
e as bactérias podem crescer quando o alimento é muito manipulado, e por longos
períodos de tempo. Lembre-se: é fundamental manter quente o alimento quente, e
frio o alimento frio, a fim de se evitar que as bactérias cresçam.
A meta do manipulador de alimentos é reduzir o tempo de manipulação, manter
as temperaturas apropriadas e limitar o risco de contaminação, a partir das
suas próprias mãos e de todos os outros fatores apresentados.
Como evitar a contaminação cruzada
1. Lavar as mãos
tantas vezes quantas forem necessárias, principalmente após manipular alimentos
crus ou limpa-los.
2. Tocar o menos
possível o alimento com as mãos, após ele ter sido cozido ou preparado.
3. Limpar e
sanitizar todos os utensílios – especialmente facas e tábuas de corte – após o
uso, quando mudar para outro alimento e quando estiver preparando grandes
porções de alimentos.
Como manter os
alimentos fora da Zona de Perigo
1. Limitar o
tempo de permanência do alimento na zona de temperatura perigosa. Do
recebimento ao serviço, o alimento não deve ficar, no total, dentro da zona de
perigo por mais de 4 horas.
2. Usar o
termômetro de alimentos para verificar as temperaturas.
3. Usar o
cozimento por porções: preparar o alimento em pequenas quantidades.
4. Descongele
apenas o necessário e mantenha-o refrigerado.
5. Trabalhar
apenas com a quantidade que puder preparar em menos de 4 horas.
6. Recolocar o
alimento no refrigerador caso tenha que fazer outra coisa, ou depois do
preparo.
7. Preparar o
alimento o mais próximo possível do momento de servi-lo.
Descongelamento
de alimentos com segurança
Os alimentos prontos ou cozidos precisam ser descongelados no refrigerador em assadeiras. É preciso
manter espaço pra itens de grande porte, tais como perus e assados (eles podem
levar de 1 a 3 dias para descongelar). Deixar espaço para que se tenha ar circulando
entre os alimentos descongelados.
Alimentos crus podem ficar sob água corrente potável à temperatura de 210C
ou abaixo, por até 2 horas. Usar a pia de preparação de alimentos. Não
deixar que a água usada para o descongelamento caia sobre qualquer alimento ou
em nada que possa vir a tocar o alimento.
Depois de terminado o descongelamento, lavar e sanitizar a pia e os
utensílios.
Forno de microondas: apenas quando o alimento for cozido de imediato ou
se for terminar o cozimento no microondas.
Como parte do processo de cozimento, como por exemplo, os hambúrgueres.
Às vezes, os camarões são cozidos ainda congelados.
Atenção: NUNCA descongele o alimento à temperatura ambiente.
Tempo e
Temperatura seguros para o cozimento dos alimentos
Prepare o alimento pelo menos à
temperatura interna mínima de segurança (a temperatura deve ser tomada no meio
do alimento), como a seguir:
·
Aves: 740C por 15 segundos em até duas
horas.
·
Carnes moídas: 680C por 15 segundos em
até duas horas. Aves moídas deve ser por 740C por 15 segundos em até
duas horas.
·
Carne bovina, suína e caprina: 630C por
15 segundos em até duas horas.
·
Aves, carnes e massas recheadas: 740C
por 15 segundos em até duas horas. Preparar o recheio, a carne e as massas com
o mínimo de manipulação.
·
Peixes, frutos do mar e todos os demais alimentos potencialmente
perigosos: 630C por 15 segundos em até duas horas.
Atenção: no microondas,
acrescente, no mínimo, 140C para cada uma das temperaturas de
cozimento interno.
Procedimentos
gerais para conservação de alimentos a quente e a frio
Não junte alimento novo ao velho.
Use colheres ou conchas de cabo longo, de forma que as mãos fiquem
afastadas do alimento. Quando não estiverem sendo usados, a ponta de servir de
cada utensílio deve estar no alimento, com o cabo afastado, ou em água potável
corrente.
Agite os alimentos regularmente, a fim de homogeneizar a temperatura.
Mantenha cobertos os recipientes de serviço.
Transporte o alimento à temperatura adequada em recipientes ou
embalagens cobertas, para evitar a contaminação. Carrinhos, carretas e bandejas
devem ser limpos e sanitizados.
Conservação de
alimentos quentes
Os equipamentos para conservação de calor incluem mesas de vapor,
gabinetes de aquecimento e banhos-maria. Outras recomendações de segurança para
conservação de alimentos a quente:
·
Conserve os alimentos quentes a 600C ou
acima.
·
Meça a temperatura dos alimentos quentes pelo menos
uma vez a cada duas horas, em mais de um lugar. Confira a temperatura do
alimento, não somente da unidade de conservação.
·
Não acrescente alimento recém-cozido ao alimento
que já está na unidade de conservação de
calor.
·
Não junte alimento cru ao já cozido.
·
Agite o alimento.
Conservação de
alimentos a frio
·
Mantenha o alimento frio a 50C ou
abaixo.
·
Meça a temperatura do alimento frio pelo menos uma
vez a cada duas horas. Confira a temperatura do alimento, não apenas da unidade
de conservação.
·
Não misture alimento fresco com o que já está na
unidade de conservação.
·
Arrume a iluminação na unidade, de forma a manter o
calor da lâmpada distante do alimento.
·
Lave as guarnições dos legumes e troque-as se o
alimento cair sobre elas.
·
Gelo deve ser feito com água potável, pois ele é
também um alimento.
·
Troque o gelo se o alimento cair sobre ele.
·
Não coloque o alimento embalado, como cremes,
diretamente no gelo. Faça o pré-congelamento, coloque-o em um recipiente de
metal e,depois, coloque-o no gelo.
Como servir
alimentos com segurança
Não toque parte alguma que será atingida pelo
alimento ou pela boca do cliente.
Algumas regras de serviço devem ser observadas:
·
Segure os pratos pela parte de baixo ou pelas
bordas.
·
Agarre as xícaras pelas alças ou pela parte de
baixo.
·
Manuseie os talheres pelo cabo.
·
Utilize utensílios inquebráveis, de cabo
longo, para apanhar o gelo (nunca
utilize copos, xícaras, tigelas ou utensílios sem cabo).
·
Nunca reutilize alimento preparado que já tenha
sido servido aos clientes, incluindo pães, condimentos e molhos, couvert ou
entradas.
Self-service
Confira se os protetores estão em seus lugares durante o serviço.
Leve os pratos e utensílios usados e ofereça limpos para os clientes que
voltam a se servir no buffet.
Substitua o alimento e utensílios que possam ter sido contaminados por
terem sido tocados pelos clientes, ou por algo que possa ter caído ou derramado,
ou porque tenham tossido sobre o alimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário