segunda-feira, 22 de junho de 2015

Modal Aquaviário

O comércio marítimo entre as nações é o mais antigo tipo de transporte organizado existente. Desde os tempos dos Fenícios e dos Vikings, para não citar outros, foi sempre instrumento na conquista de novas riquezas e novos territórios. Havia e há sempre uma correspondência eloqüente entre as grandes nações e seu poder marítimo.
As grandes organizações de comércio, a antiga Companhia das Índias, repousavam seu poderio comercial no complexo de transporte marítimo.
O comércio marítimo internacional tem como principal pedra fundamental a chamada liberdade dos mares. Por este princípio, qualquer navio mercante de qualquer nação, respeitadas as regras de segurança de navegação pode entrar e sair de qualquer porto de qualquer nação, quantas vezes quiser, e descarregar quaisquer mercadorias, cobrando o frete que desejar.
Entretanto no desenvolvimento deste comércio, sentiram os armadores necessidades de se auto-limitarem, evitando a total competição no que diz respeito ao ponto mais importante desta chamada “liberdade”, a tarifa do frete. Assim sendo foram criadas organizações, em que todos os componentes se comprometiam a respeitar a mesma tabela de fretes preparada, discutida e aceita por todos.
Estas organizações são chamadas de “Conferência de Fretes”. Estas organizações penalizam os usuários que não podem discutir o frete, é claro que tudo está muito mudado hoje em dia, haja visto, a concorrência e a total competição que envolve o mundo todo, inclusive o mundo de fretamentos marítimos de carga.
Há uns cem números de companhia de frete pelo mundo afora, e cada uma abrangendo uma região. Todos os navios que não pertencem a uma conferência e fazem o tráfego regular são chamados de “Outsiders”. Isto porque, de acordo com a “liberdade total” existente, qualquer companhia pode fazer o tráfego regular entre dois países. Estes Outsiders naturalmente não respeitam os fretes da Conferência e podem cobrar aquilo que melhor lhes convêm.
Vemos, portanto, que o tráfego marítimo entre duas nações é baseado:
  • Na total liberdade de entrada e saída dos portos em qualquer freqüência.
  • Nas Conferências de Fretes.
  • Nos Outsiders.
Já no que concerne aos grandes navios de passageiros, o Brasil finalmente entrará na rota de crescimento deste fenomenal setor do turismo mundial.
O motivo para esta reviravolta é a mudança da legislação, que até 1995 não permitia a navegação de cabotagem na costa brasileira. Podia-se embarcar no Brasil com destino ao Caribe, mas não podia viajar do Rio a Santos.
A lei foi aprovada em 1995, mas só começou a fazer efeito a partir de 1997, haja visto a necessidade de organização das companhias marítimas.
A participação do Brasil no mercado de turismo marítimo mundial era ridícula. Enquanto o Caribe e as Bahamas recebiam 56% dos navios de passageiros do planeta, a América do Sul inteira recebia apenas 0,57%, visto que temos uma costa com 8000 Km de extensão, espera-se que sejamos mais participativos neste mercado eternamente crescente.
Definido como um hotel de luxo flutuante, o navio de passageiros oferece um mundo de sonhos em vários decks (andares) com nomes diferenciados para facilitar a vida do passageiro.
Atualmente os navios contam com estabilizadores computadorizados permitindo ao passageiro uma travessia com maior equilíbrio. Há um sistema central de ar condicionado com controles individuais em todas as cabines.
As piscinas são abastecidas com água do mar devidamente filtradas.
Todos os clientes de uma agência de turismo são clientes em potencial para uma viagem de navio, indiferentemente da idade, sexo ou estado civil.
Existem cruzeiros para todos os gostos e bolsos, são inúmeras as variações de itinerários e tempos de duração.
Normalmente os passageiros não precisam de visto para os portos a serem visitados, pois a própria cia marítima providencia o “Blank Visa”, visto coletivo para todos os passageiros.
Ao embarcar o passageiro entrega o passaporte que ficará retido num cofre lacrado pela polícia federal do país. Caso haja necessidade do passageiro desembarcar com o passaporte o Navio providencia a sua entrega. Sempre devemos confirmar com o representante da cia se são necessários vistos para as viagens marítimas, pois as leis de imigração são mutáveis. Nas escalas os passageiros deixarão o navio com o “boarding pass”, sendo obrigatória a sua apresentação ao regressar ao navio.
Todas as refeições são incluídas, um total de cinco, independentes do tipo de cabine solicitado pelo pax, pois em um navio a classe é única, variando os preços em função do tipo de acomodação escolhida pelo pax.
Dentro de um navio, como em qualquer organização existe um líder, aqui chamado de “Cruise Director”, que se encarrega de liderar os tripulantes determinados para atividades sociais, bem como informar os passageiros sobre os portos a serem visitados.
O “Maitre D’Hotel” gerencia a área de alimentos e bebidas, o “Chief de Cuisine” cuida dos serviços de bares e restaurantes.
Há três décadas que a indústria dos cruzeiros constitui-se o mais próspero do turismo e o de mais rápido crescimento. Além disso, é um dos produtos turísticos que oferecem maiores índices de satisfação a seus usuários, a ponto de haver um verdadeiro boom de navios de lazer navegando pelos mares do mundo inteiro. Como se isso não bastasse, as empresas de cruzeiros estão sempre, e cada vez mais, buscando incorporar novos destinos que revelem aos seus passageiros os mais afastados e inexplorados lugares do planeta.
As primeiras companhias de navegação começaram a operar principalmente rotas transatlânticas, palavra que logo se substantivou para definir todo grande navio que realiza travessias interoceânicas. Mas os cruzeiros propriamente ditos, isto é, as viagens de turismo em embarcações de lazer, construídas fundamentalmente para o transporte de passageiros, começaram no Mar Mediterrâneo com os portos franceses, italianos e gregos como principais pontos de escalas. Mais tarde o Caribe passou a ser o destino predileto das cias de navegação, que começaram a oferecer travessias com escalas nos mais exóticos cenários antilhanos.
Sem se descuidar de suas áreas de operação originais, hoje as linhas de cruzeiros oferecem viagens por regiões cada vez mais insólitas e sugestivas como o Alaska, América do Sul e Oceania. Enquanto isso, os itinerários do Mediterrâneo incorporaram novos destinos aos países asiáticos e aos do norte da África banhados por esse mar, ao mesmo tempo em que os caribenhos se estenderam ao México, América Central e Brasil, ou se desviaram pelo canal do Panamá para navegarem pela Riviera Mexicana e concluir em algum porto californiano.
O lema das empresas de navegação é proporcionar experiências fora do comum que, além de captarem novos passageiros, ofereçam novas opções para os que já experimentaram e desfrutaram um ou mais cruzeiros convencionais.  
   

Transporte Aquaviário: O transporte aquaviário divide-se em três grupos:


Lacustre: Transporte efetuado em lagos
No turismo dificilmente é utilizado como meio de transporte e sim como desenvolvimento do lazer através de Jet Sky, Banana Boat, caiaques, barco a remo, pedalinhos, barcos à vela, sky aquático e lanchas.

Fluvial: Transporte efetuado em rios
Alguns rios e canais navegáveis ao redor do mundo sempre foram considerados como locais turísticos tradicionais, oferecendo uma outra perspectiva e um outro estilo de se visitar a região. Viagem turística pelo Nilo (Egito), Tamisa (Inglaterra), Reno (Alemanha), Loire (França), Sena (França), Danúbio (Alemanha e Áustria), Mississipi (EUA) e no Amazonas (América do Sul) tem atraído a atenção de turistas e excursionistas ao longo das últimas décadas. As viagens fluviais, no entanto, são completamente diferentes daquelas oferecidas nos grandes mares. Isso se deve principalmente à profundidade de muitos desses rios que não teriam como comportar navios de grande calado. Assim, os cruzeiros fluviais geralmente são efetuados em embarcações que podem variar desde seis até cem passageiros, fora é claro, os casos do Amazonas e do Nilo, que são capazes de receber até mesmo as maiores embarcações.
No Brasil, em função da topografia do país e da opção pela geração de energia elétrica por meio de hidroelétricas, muitos dos seus rios são inadequados para a navegação. A bacia do Amazonas, no entanto, está localizada numa planície, apresentando mais de 23 mil quilômetros de vias naturalmente navegáveis. O rio Amazonas, o principal desta bacia, é provavelmente o que oferece as maiores oportunidades para viagens turísticas fluviais, principalmente em função da presença da floresta Amazônica.   
O fenômeno do deságüe do Rio Negro no Solimões, como as águas não se misturam de imediato, correm lado a lado e não se misturam por cerca de 6 Km, tornou-se um espetáculo natural que atrai muitos visitantes.
O maior rio inteiramente brasileiro, o São Francisco, entretanto, é um rio de planalto, fazendo com que a navegabilidade de toda sua extensão seja prejudicada.
Na região Sul o Rio Paraná é utilizado por turistas. (Foz do Iguaçu).
Dependendo do tipo de rio é que são desenvolvidas as atividades turísticas e meios de transportes.
Os meios de transportes são os mesmos do lacustre. Há também os raffting em rios com corredeiras.

Marítimo: Transporte efetuado em mares
Este tipo de segmento é para turista sem pressa, pois é o meio de transporte mais lento para alcançar longas distâncias.
Todas as cidades que tem mar como atrativo turístico, desenvolvem atividades através de barcos, lanchas, escunas, navios e todos os outros citados acima.
O forte do turismo marítimo são os cruzeiros marítimos. No Brasil não existem navios para este tipo de turismo. Todos os cruzeiros são realizados por navios estrangeiros.
Portos de embarque e desembarque de cruzeiros no Brasil: Santos, Rio de Janeiro, Vitória (ES), Recife, Fortaleza, Salvador e Manaus.
A venda deste produto é feita por representantes no Brasil, através das agências de turismo.
  

Ferries

O serviço de embarcações ferries é um mercado bastante amplo que engloba desde deslocamentos urbanos, como os que atraem turistas em Manhattan, Nova York, para visitar a Estátua da Liberdade, até internacionais, tais como os serviços que partem da Itália para a Grécia e Turquia ou entre Alemanha e os países da Escandinávia.
O tamanho dos navios ferries pode variar bastante. No caso das rotas em que não há ligação rodoviária, muitas vezes opera-se com grandes embarcações que possibilitam também o transporte de automóveis e ônibus no seu interior, como nas ligações do Canal da Mancha, entre as ilhas do norte e do sul da Nova Zelândia ou nos países escandinavos.

Cabotagem

Os poucos navios de passageiros que existiam no Brasil eram da Lloyd Brasileiro uma empresa estatal que se encarregou de sucatear a frota brasileira.
Por causa disto apenas no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso no ano de 1995, navios estrangeiros foram autorizados a fazer a Cabotagem (navegação costeira) na costa brasileira.
O motivo da proibição era proteger a frota mercante brasileira de passageiros que não existiam a mais de vinte anos, um evidente engano de uma legislação protecionista arcaica e irracional.
Esta liberação foi uma medida tão acertada que em três temporadas seguintes, houve um aumento de 109% no número de escalas desses navios em portos brasileiros.

CLIA (Cruise Lines International Association)
Possui banco de dados que reúne desde as principais empresas ligadas à indústria de cruzeiros marítimos e empresas de navegação até agências de viagens especializadas neste segmento. Defende os interesses dos associados.

Portos

Os portos têm grande importância na interação entre os modos de transporte e suas regiões de influência. Como elo de interface, os terminais portuários de passageiros devem primeiramente oferecer infra-estrutura eficiente para atracação e o abastecimento dos navios. No caso dos meganavios de cruzeiros, suas chegadas e partidas podem representar a movimentação de milhares de pessoas e o abastecimento de toneladas de produtos, combustíveis, água, além do recolhimento de rejeitos.
Dentre as facilidades necessárias para que os portos possam adequar-se ao recebimento de passageiros, pode-se citar:
  • Plataformas de embarque e desembarque de passageiros;
  • Instalações próprias para a recepção e o atendimento, tais como registro de entrada e saída, alfândega, etc;
  • Instalações para órgãos públicos e privados de atendimento ao passageiro e ao turista (Polícia Federal, Receita Federal, Capitania dos Portos, Ministério do Trabalho, Vigilância Sanitária, etc);
  • Oferta de meios de transporte para que os turistas possam visitar a região próxima ao porto, tais como: táxis, ônibus, trens, locadoras de automóveis;
  • Local destinado aos prestadores de serviços de manutenção e reabastecimento dos navios (fornecedores, limpeza, tratamento e disposição de resíduos).
A situação dos portos brasileiros é muito precária no que diz respeito a receptivo de passageiros de cruzeiros marítimos.
“É preciso arrumar a casa para receber o turista”.
Também há a necessidade de reestruturação nas condições de navegação próximas aos portos para que os navios possam chegar com segurança.

Impactos Socioeconômicos da Indústria de Cruzeiros


O crescimento da indústria de cruzeiros em todo o mundo passou a contribuir em âmbito local, regional, nacional e até mesmo internacional para a geração de empregos, receitas e impostos.
Ainda que boa parte dos impactos socioeconômicos do setor termine por se transferir para os países dos quais fazem parte as principais empresas do segmento, como Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, além daquelas regiões cujos portos servem bastante de base e origem para os navios, um percentual desses impactos também termina por ficar nos portos visitados e nas cidades de origem dos turistas (comissão dos agentes de viagens, gastos com transporte até o porto de partida, etc). Ao visitarem atividades turísticas, efetuarem compras, consumirem algum tipo de refeição, os passageiros dos cruzeiros marítimos terminam contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região visitada.

Impactos ambientais dos navios de cruzeiros


Desde o ano de 1990, todas as embarcações navegando em qualquer parte do mundo passaram a ter que atender aos padrões da Marpol (Marine Pollution) que foram estabelecidas pela International Marine Organization (IMO), que faz parte da ONU (Organização das Nações Unidas).
Basicamente, o que esta legislação faz é dividir as águas em quatro zonas marítimas, de acordo com a proximidade do navio em ralação à costa. Assim, por exemplo, é proibido jogar ao mar qualquer resíduo sólido a menos de três milhas náuticas (1852 Km), da costa. Entre três e 12 milhas náuticas, é vedado o lançamento de papel, vidro e mesmo de alimento, exceto se este tiver menos do que uma polegada de diâmetro. As outras duas áreas são aquelas compreendidas entre 12 e 25 milhas náuticas e distâncias superiores a 25 milhas náuticas, nas quais, basicamente, fica restrito o lançamento de material plástico.
Mais do que propriamente encontrar soluções para os rejeitos produzidos durante a viagem de cruzeiro, o que muitas empresas têm feito é tentar eliminar o maior número possível de geração de material plástico a bordo, dando preferência sempre pelo uso de papel ou mesmo por outros materiais reutilizáveis e recicláveis.
Produção média diária de esgoto e lixo nos navios da Royal Caribbean e Celebrity Cruises (2001):     
Tipo de Rejeito

Descrição


Quantidade
(toneladas)
Procedimento
 
Esgoto primário


Água proveniente dos chuveiros, ralos dos banheiros, lavanderia, condensação do sistema de ar-condicionado, lavagem de louça, etc.


         735
Armazenamento para descarga com distância superior a 12 milhas náuticas.

Esgoto
secundário

 Vasos sanitários e água proveniente do centro médico da embarcação.

        49

Esgoto tratado pode ser jogado ao mar a qualquer distância da costa. Esgoto bruto só a mais de 12 mn.

Água de porão

Mistura dos fluidos coletados nas máquinas da embarcação e no sistema de dreno interno.


         59
Tratamento efetuado a fim de diminuir a concentração de óleo para cinco partes por milhão. Lançado a mais de 12 mn.
Contaminantes filtrados da água de porão
Óleos, graxas, lubrificantes, etc.

        5,6
Não pode ser jogado ao mar. É descarregado no porto e pode ser reciclado.

Lixo

Comida, papelão, madeira, etc.


       0,41
Coleta seletiva de lixo e incineração. As cinzas produzidas são retiradas no porto.

Vidros e latas
Proveniente das embalagens de refrigerantes e cervejas, além de cascos de bebidas em geral.

Latas (0,2) e vidro (2,78)
 
O vidro é quebrado em pedaços pequenos e as latas são esmagadas para posterior reciclagem em terra.

Rejeitos
Especiais


Pilhas, baterias, produtos médicos, lâmpadas fluorescen-tes, material de pintura, material fotográfico, etc.


      -                  

Descarregados apenas em portos autorizados. No mundo todo são apenas quinze, incluindo o porto de Santos, no Brasil.
Outros impactos:

  • Congestionamento nos principais portos quando os navios atracam;
  • A infra-estrutura portuária e os locais visitados pelos turistas muitas vezes ficam lotados, principalmente porque não estão preparados para receber grandes fluxos  de turistas;
  • O ecossistema pode ser perturbado com o número de visitantes e com as freqüências de saída e chegada de embarcações;
  • Há sempre possibilidade de vazamento de óleo;
  • As dragagens necessárias para que os navios atraquem nos portos podem prejudicar os corais e outros organismos marinhos.

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